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A saúde mental define o nosso bem-estar emocional, psicológico e social. Também afeta a maneira como pensamos, sentimos e agimos ao enfrentar os desafios da vida e determina como lidamos com o stresse nos relacionamentos.

Cuidar da saúde mental não implica estar livre de transtornos mentais, mas é estar equilibrado emocional, psicológico e socialmente. A importância dessa harmonia reside no fato de que, na sua ausência, a pessoa não consegue atuar adequadamente em sociedade, podendo comprometer a saúde física, gerando patologias e doenças que podem se tornar crónicas.

No mês de julho, o presidente da república Marcelo Rebelo de Sousa promulgou uma lei aprovando a nova lei da saúde mental, afirmando esperar que ela contribua para melhorar a salvaguarda de direitos e a prestação de cuidados aos doentes. Este ato foi de grande importância para as pessoas darem maior atenção a estas doenças que, por muitas vezes, é menosprezada pela sociedade.

Conforme estimativas da AADEB (Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares), 30 em 100 portugueses sofrem (ou podem sofrer) de problemas de saúde mental em determinada altura da vida, e cerca de 12 já têm uma doença mental grave. A depressão é a doença mental mais frequente, sendo uma causa importante de incapacidade. Em cada 100 pessoas, aproximadamente, 1 sofre de esquizofrenia.

As relações amorosas também podem ter um grande impacto na sua saúde mental. Os relacionamentos amorosos saudáveis e estáveis aumentam o sentimento de felicidade e podem contribuir para a diminuição da ansiedade e da depressão. Sentir-se amado melhora a autoestima. O amor pode ser um fator protetivo contra problemas de saúde mental, embora não se consiga impedir que alguém vá desenvolver uma enfermidade. Os relacionamentos amorosos devem permitir que ambas as pessoas se sintam apoiadas, compreendidas e respeitadas, possibilitando a independência e evolução dos dois.

O Especialista em Relacionamentos, Maicon Paiva, fala da importância desses cuidados. “Algumas pessoas ainda buscam o amor da forma errada, como algo que seja parte do que falta em si, para completar algo na sua vida. Para encontrar alguém, precisa sentir-se bem, completo e querer apenas uma boa companhia. Essa pessoa apenas irá acrescentar coisas boas e então serão felizes juntos.”

Outro fator a ser analisado num relacionamento é o ciúme. Para muitos, pode parecer algo normal, entretanto, muitas vezes esse sentimento é romantizado pelos casais, mas “tudo em excesso é mau”. O ciúme excessivo, conhecido também como transtorno de ciúme doentio, é uma condição psicológica em que uma pessoa experimenta um sentimento excessivo e irracional nos seus relacionamentos interpessoais.

Ao contrário do ciúme comum, considerado uma emoção normal e até mesmo saudável em certa medida, o ciúme patológico é caracterizado por intensidade extrema e impacto negativo significativo na vida do indivíduo e nos seus relacionamentos.

Maicon Paiva, Especialista em Relacionamentos e fundador da Casa de Apoio Espaço Recomeçar, traz 5 dicas de como manter uma saúde mental equilibrada num relacionamento harmonioso.

  • Faça terapia com um profissional: não precisa esperar chegar ao limite para buscar a terapia. O tratamento psicológico dá o suporte necessário para conviver com os medos, aumentar a autoconfiança, lidar com os sentimentos, livrar-se das dependências e estabelecer relações mais saudáveis. Todos esses benefícios refletem-se não somente na vida pessoal, como na carreira e nos relacionamentos.
  • Invista na qualidade do seu sono: dormir bem é mais importante do que se pode imaginar. É durante o sono que o nosso organismo se regenera e faz os ajustes necessários ao corpo. Para ter uma ideia, quem dorme mal pode ter a imunidade baixa devido à produção ineficiente de anticorpos.
  • Saiba escolher com quem se relaciona: o relacionamento tóxico é aquele em que uma pessoa exerce certo poder sobre a outra, por mais que seja velado, o controlo é presente. Infelizmente, são mais comuns do que imaginamos e podem acontecer em qualquer relação, como as de trabalho, amizade, afetiva ou parental. Uma relação saudável possui diálogo, compreensão, acolhimento e estima. Se reconhece que está num relacionamento tóxico, é importante libertar-se dele.
  • Exercitar a confiança: ter um relacionamento pautado na confiança e na sinceridade pode tornar a convivência mais agradável. Falar sobre os sentimentos e incómodos fazerem com que ambos superarem eventuais problemas emocionais que podem surgir;
  • Reserve um tempo para vocês: separe um dia na semana, ou um fim de semana no mês, só para vocês dois. Saiam para jantar, para ir ao cinema ou para algo que seja prazeroso para ambos, dando um respiro na vida agitada. Casais com filhos normalmente têm as suas prioridades em segundo plano, preocupando-se muito menos com o relacionamento. No entanto, é primordial existirem momentos reservados especialmente para o casal.

O Especialista em Relacionamentos, Maicon Paiva, fala da importância de se manter um bom cuidado com a saúde mental no relacionamento: “A vida segue um caminho totalmente contrário dos contos de fada, onde as relações são totalmente perfeitas e todos vivem “Felizes Para Sempre”. Na realidade, a vida a dois apresenta muitos desafios, complicações e momentos difíceis, e são nestes momentos que é importante estar bem consigo mesmo e a sua mente, para poder tomar decisões certas em acordo com a pessoa amada e assim superarem as dificuldades.”

(Artigo ‘Saúde/LifeStyle’ – Queissada Comunicación)