Dois enfermeiros dos quadros do Centro Hospitalar Tondela Viseu (CHTV) vão avançar com um projeto de formação a cuidadores de doentes paliativos.

“Se os cuidadores se sentirem mais acompanhados, mais seguros e mais preparados para gerir medicação, para saber o que é que é expectável acontecer e o que fazer, isso tem mais valias para o doente e hospitalares”, defendeu Carla Santos, uma das promotoras do projeto.

A mentora de “ser cuidador em cuidados paliativos”, juntamente com o também enfermeiro Renato Santos, considerou que, “com o tempo, será uma mais-valia pela diminuição das idas ao serviço de urgência e até na diminuição do número de internamentos, assim como o bem-estar do doente e do cuidador”.

Carla Santos e Renato Santos, são enfermeiros da equipa intra-hospitalar de suporte em cuidados paliativos do CHTV, “desde a sua génese, há cinco anos, a tempo inteiro e com formação avançada nesta área”.

Há sensivelmente dois anos começou a nascer “a ideia de fazer um projeto na área dos cuidadores de pessoas com doença grave, incurável e progressiva”, pela “necessidade sentida” por ambos ao longo dos anos de trabalho de que “os cuidadores precisavam de ser suportados e ajudados”.

Assim, ao tomarem conhecimento do orçamento participativo da secção regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros para 2021/2022, candidataram o projeto e, há uma semana, foram a Coimbra levantar “o prémio de quatro mil euros” para colocarem a ideia em prática.

“Estamos agora a fazer a calendarização, temos de ter muito cuidado e cautela, por causa da pandemia, para reunir presencialmente com cuidadores. O projeto é grande, porque abarca 10 cuidadores por mês, durante seis meses – ao todo, vamos abranger 60 cuidadores”, explicou.

A cada cuidador os enfermeiros vão “ensinar o posicionamento, os cuidados de higiene e a gestão da medicação mais frequente nesta área dos cuidados paliativos” e, numa segunda sessão, vão “ouvir dúvidas e preocupações que vão surgindo” aos cuidadores.

“Há também uma parte mais prática, onde vamos abordar as massagens, aromaterapia, ou seja, técnicas não farmacológicas, que ajudam no controlo de sintomas e ajudam a melhorar a qualidade de vida do doente”, acrescentou.

Também o cuidador em si será foco da formação, uma vez que “o autocuidado é fundamental, pela importância do cuidador se cuidar a si próprio para estar bem e o melhor possível para cuidar do seu familiar”.

“Aqui entramos também na área psicoemocional, porque o autocuidado não é só o descanso físico, também passa pela promoção de atividades que possam ter para se cuidarem e nutrirem de forma a promoverem o seu próprio bem-estar”, sublinhou.

A título de exemplo, Carla Santos destacou a “importância de cada cuidador ter uma pessoa de suporte para, uma vez por semana, poder sair durante ‘x’ horas e saber que o seu familiar está com alguém de confiança”.

Os mentores do projeto também farão um estudo do “antes e depois da formação, para avaliar a exaustão do cuidador, a qualidade de vida do doente e o impacto no serviço hospitalar”, neste caso, no CHTV, já que “a formação abrange doentes desta área”.

“Da parte da direção do CHTV já temos também a abertura de dar continuidade ao projeto, caso os resultados sejam os que nós esperamos, de impacto positivo no doente e na unidade hospitalar”, disse Carla Santos.