O presidente da Comissão Vitivinícola da Região (CVR) do Dão, Arlindo Cunham está preocupado com a falta de chuva que “pode condicionar a produção este ano” e “só chuva intensa em março poderá mudar as previsões”, alertou.
“Iremos ter um ano que não vai ser bom, quer se mantenha a falta de água, quer venha água em excesso. O ideal é ter muita chuva em março, isso sim, seria muito bom, porque seria antes da floração das videiras”, apontou Arlindo Cunha.
O presidente da CVR do Dão explicou que, neste período, “as videiras estão dormentes, ou seja, é o chamado repouso vegetativo, e, por isso, ainda não é possível avaliar, porque vai depender do que vier de água, se pouca ou em excesso”.
Isto porque “as duas situações não são boas”, tendo em conta “o impacto que pode ter na videira”.
Por isso, Arlindo Cunha defendeu que, “se não chover até junho, vai haver problemas complicados no verão, por duas razões”.
“Primeiro, porque há poucas reservas hídricas nos solos. E nas vinhas do Dão, que são sequeiros, como de um modo geral em todo o país, em algumas zonas mais áridas podemos ter problemas de stress hídrico das plantas”, explicou.
Um problema que afeta “uma das principais variedades” da região do Dão, como é o caso da Touriga Nacional, que “é bastante sensível ao stress hídrico”
“E as plantas quando ficam em stress hídrico não amadurecem as uvas, porque não tem reservas hídricas para isso”.
“Com o stress hídrico começa a cair a folha e não amadurecem os cachos e esta é uma situação para a eventualidade de não chover ou de chover muito pouco daqui até ao verão”, indicou.
A outra razão, explicou, “é a situação contrária, se chover demasiado, principalmente no fim da primavera, ou seja, em fins de abril e maio, sobretudo se chover muito em maio, porque é o período da floração das videiras”.
“Já aconteceu em alguns anos de semanas e semanas a fio de chuva e como é período de floração das videiras, para depois se transformar em fruto, com o excesso de chuva a flor pode apodrecer e não se transformar em fruto”, explicou.
Neste sentido, Arlindo Cunha considerou que “o ano não vai ser bom, quer se mantenha a falta de chuva, quer venha em excesso” e, por isso, disse que a “esperança é que, em março, caia muita chuva, para ser antes da floração” das videiras.
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