Presidente da Câmara de Viseu desde 2013, Almeida Henriques está a planear a sua recandidatura para este ano. Em conversa ao ED Jornal, falou dos projetos que concluiu e aqueles ainda por fazer.
De todos os cargos que já ocupou, ser Presidente da Câmara de Viseu é “o” desafio?
Ao longo da minha vida, há algo que me dá um certo gozo: fui fazendo o que queria no momento certo. Tive experiências nacionais e locais. Esta é a função que mais me realiza. Este é o concelho onde nasci e onde fiz a minha vida desde os 13 anos: estou afetivamente ligado a ele. Esta proximidade às pessoas é fantástica. Poder interagir com os cidadãos preenche-me muito.
No seu discurso de tomada de posse, disse que ia abrir um novo ciclo. Quer fazer numa década aquilo que o seu antecessor, Fernando Ruas, fez em 24 anos?
Nunca estabeleço comparações. Tenho a minha forma de olhar para o futuro e prioridades diferentes. O meu antecessor marcou a autarquia e eu espero acrescentar mais à Câmara. Acho que com três anos e meio de funções já deixei aspetos marcantes. Estou a governar com as pessoas, com as instituições e com as escolas. Estou a procurar fazer uma governação de abrangência. Eu quero uma sociedade que respire, que tenha massa crítica e que traga algo de novo. É assim que eu vejo a democracia.
Preocupa-o mais a crítica dos viseenses ou da oposição da autarquia?
Eu costumo dizer que quem vem por bem, vem bem. Tenho uma perspetiva aberta. Eu estou habituado a ouvir e estou disponível a recuar. Eu respeito muito o estatuto da oposição, mas respeito sobretudo os cidadãos. Procuro ter uma relação de proximidade, de “olhos nos olhos” com os cidadãos.
“Procuro ter uma relação de proximidade, de “olhos nos olhos”, com os cidadãos”
As pessoas exigem intervenções em aspetos menos visíveis, como o desporto e a cultura?
Há dois parâmetros que me têm servido de guia no meu mandato: manter sempre o padrão elevado de qualidade do “Melhor Concelho para Viver” e a felicidade das pessoas. Eu valorizo muito as obras de proximidade. Porque é que um habitante de São Pedro de France não haveria de ter as mesmas condições que um habitante de Viseu?
No que toca ao desporto, pergunto-lhe: o Fontelo tem condições para acolher um clube de futebol da 1ª Liga? Está disposto a investir nisto?
O Fontelo já teve várias intervenções. Seria bom para a região ter um clube na 1ª Divisão, sem ser o Tondela. Outras modalidades têm vindo a despontar, onde os resultados aparecem com naturalidade: o futsal, o futebol feminino, o ténis de mesa, o voleibol. Contudo, a prioridade é pôr a comunidade a praticar desporto e criar condições para o desporto informal. Temos de apostar no desporto escolar e sénior.
A obra da estrada IP3 tem vindo a ser “uma espinha na garganta” para os autarcas ao longo dos anos. Qual é a sua solução para o problema da ligação Viseu – Coimbra?
Acho escandaloso que esta obra ainda esteja por terminar e que os sucessivos governos tenham vindo a culpar os seus antecessores por isto. O Governo anterior trabalhou na concessão, na exploração da estrada e este novo Governo voltou à tábua rasa ao não negociar as novas concessões. Há um problema de vontade política. Este projeto está parado porque o Governo se esquece da região Centro e Norte do país. Tornámos-mos periféricos em relação à Galiza.
Sobre o Aeródromo Municipal Gonçalves Lobato: o que lhe falta para conferir rentabilidade?
Quando olhamos para o território temos de saber quais são os elementos que podem marcar a diferença. Desde o início que entendi que o aeródromo era crítico para o futuro do nosso desenvolvimento. Por isso é que investi, logo no início, 200.000 euros na sua qualificação. O aeródromo é hoje um dos melhores aeródromos do país, com uma posição estratégica em relação a Lisboa e ao Porto. Achamos que tem potencial para mais. Estamos a estudar mais planos futuros.
Uma das apostas do seu mandato é a publicitação de Viseu como cidade vinhateira. Há muitas vozes críticas em relação a esta campanha…
Estamos a pôr Viseu no mapa turístico e temos vindo a crescer. Temos de nos promover como destino. Temos de ter fatores diferenciadores. O investimento no património, nomeadamente com a candidatura a Património da Humanidade da UNESCO, também é economia porque significa turismo. O charme da cidade passa por isto.
A campanha “Ano Oficial para Visitar Viseu” não correrá risco de ser considerada arrogante? Viseu tem de facto potencial para ser um destino nacional e internacional?
Sem ambição nada se faz. Marcámos força na Bolsa Turística de Lisboa (BTL) no ano passado e este ano Viseu foi a primeira cidade convidada do evento. As pessoas que só procuram defeitos podem ficar nas redes sociais a criticar e a não fazer nada. Goste-se ou não, esta campanha é criativa e bem-humorada. Essas irritações são positivas: se falam de Viseu, isso também ajuda à promoção. Uma cidade que não se promove não existe. Se ficarmos à espera de promoção no contexto da zona Centro, Viseu não sobressai.
“Sem ambição nada se faz. As irritações positivas também ajudam a promover Viseu”
Se for reeleito, que obras gostaria de vir a fazer no próximo mandato? E qual é “a” obra que gostaria que o tornasse reconhecido posteriormente?
No próximo mandato, gostaria de ter a Central de Camionagem concluída e ter um novo figurino para o Mercado Municipal. Estas são duas obras que gostaria de concretizar. Falando mais no futuro… talvez o Viseu Arena. Apesar disso, não vou fazer obras megalómanas. Gostava, sobretudo, de ser reconhecido como um presidente focado nas pessoas e que reabilitou. Estou mais focado na reabilitação e menos nas construções novas. Acho que as obras que faltavam fazer já estão feitas.
(Entrevista em versão impressa, edição jornal de agosto 2017)