Segundo os novos dados da distribuição do Imposto Especial de Jogo Online (IEJO) para 2024, o futebol aparece como o principal beneficiário das verbas atribuídas a várias federações e entidades.
Receitas das apostas desportivas sobem para 61,8M€ em 2024. Futebol arrecada 72% do total, deixando modalidades como surf e atletismo sem apoio.
Estes dados, partilhada com os grupos parlamentares, destacam um aumento significativo do encaixe financeiro para a Federação Portuguesa de Futebol (FPF), que passou de 27,31 milhões de euros para uns impressionantes 33,85 milhões de euros.
Fica a pergunta: quais foram as causas deste aumento? Qual é a influência das apostas online na indústria do desporto?
Crescimento em todas as modalidades
A Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) e os melhores sites de casino e apostas online, como é o caso do Fraudes.pt, também contribuíram para este sucesso, alcançando 10,85 milhões de euros, registando um aumento de 2,1 milhões de euros em relação a 2023.
No seu conjunto, o futebol reúne uns impressionantes 72,3% do total dos fundos distribuídos no setor do desporto, provenientes das receitas fiscais das apostas desportivas.
De um total de 61,8 milhões de euros, vamos analisar com se dividem os “trocos”:
- Futebol: recebeu 44,7 milhões de euros (72,3% do total);
- Ténis: recebeu 9,7 milhões de euros (15,7% do total);
- Basquetebol: recebeu 4,57 milhões de euros (7,4% do total).
Disparidades na distribuição do financiamento
Em contraste, a Federação Portuguesa de Surf recebeu apenas 5,21 euros, enquanto desportos como a patinagem, o Comité Paralímpico de Portugal (CPP) e até o atletismo não receberam qualquer apoio financeiro. Este último viu o seu financiamento cair para zero, contra pouco mais de 500 euros no ano anterior.
A Federação Académica do Desporto Universitário (FADU) representou uma tendência diferente, passando de zero em 2023 para quase 58.000 euros este ano.
O total dos fundos destinados ao desporto registou um aumento de 11 milhões de euros de 2023 para 2024, passando para 61,8 milhões de euros. Isto revela que quase todo o dinheiro está concentrado em apenas duas entidades, com o futebol a liderar tanto na angariação de fundos como na distribuição.
Um relatório divulgado, detalhando estas conclusões aos partidos políticos no contexto das eleições legislativas de 18 de maio, propõe novas estratégias de distribuição destes fundos.
O Orçamento de Estado do Governo para 2024 atribuiu inicialmente 54,5 milhões de euros ao desporto – um valor que, infelizmente, fica aquém dos montantes distribuídos.
Posteriormente, o Governo anunciou um pacote de apoio extraordinário no valor total de 65 milhões de euros a ser implementado até 2028.
Receitas das apostas desportivas sobem para 61,8M€ em 2024. Futebol arrecada 72% do total, deixando modalidades como surf e atletismo sem apoio.
As receitas em apostas desportivas
Em março, o último relatório trimestral de 2024 do Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos (SRIJ) indicou que este ano testemunhou o maior volume de apostas desportivas online já registado, atingindo 2.053,2 mil milhões de euros.
Ao longo do ano passado, este montante representa o maior valor de apostas desportivas online até à data, superando o total de 2023 em 331,6 milhões de euros (que se situou em 1,721,6 mil milhões de euros) e ultrapassando o valor de 2022 de 1,482,1 mil milhões de euros.
Em contraste, 2021 viu os volumes de apostas atingirem 1,402,9 mil milhões de euros. Adicionando os 808,1 milhões de euros de 2020, obtém-se um total impressionante de 7,467,9 mil milhões de euros nos últimos cinco anos.
Este aumento no volume anual de apostas também se correlaciona com a maior receita bruta, que atingiu 433,4 milhões de euros este ano, eclipsando o recorde anterior estabelecido em 2023 de 324,4 milhões de euros.
Como manter esta tendência crescente
As apostas desportivas e as casas de apostas já parece que fazem parte do dia a dia da população, com anúncios em televisão, Youtube, em billboards nas ruas, mas principalmente por tantos patrocínios que fazem, em especial os patrocínios e parcerias com equipas de futebol.
As apostas surgiram claramente como um fluxo de receitas significativo para a indústria do desporto, com milhares de milhões de euros apostados anualmente em vários eventos desportivos.
A regulamentação do mercado criou novas oportunidades de colaboração entre organizações desportivas e empresas de apostas, gerando receitas adicionais. Esta integração também provocou um maior envolvimento e interesse dos adeptos nos jogos, uma vez que os espetadores têm agora uma participação financeira nos resultados.
No entanto, foram levantadas preocupações sobre potenciais questões éticas e consequências negativas associadas à generalização das apostas desportivas, incluindo a viciação de resultados e o vício do jogo.
O futuro da boa relação entre desporto, apostas desportivas e sustentabilidade económica depende também de:
- Regulamentação governamental;
- Avanços tecnológicos;
- Atitudes e perceção da sociedade relativamente ao jogo online.
Encontrar um equilíbrio entre os benefícios do aumento das receitas e os potenciais riscos é crucial para a integridade e sustentabilidade do sector. O setor tem de enfrentar estes desafios tendo em conta a rápida evolução da tecnologia e a mudança de comportamento dos consumidores.
O surgimento das casas de apostas, das suas aplicações para o telemóvel e redes sociais transformou como as apostas são feitas e como a informação se espalha, criando novas vias e desafios para os operadores, apostadores e meios de comunicação desportivos.
Notas finais
Em conclusão, o futuro das apostas desportivas e as suas implicações na indústria do desporto estão interligados com vários fatores, como a regulamentação governamental, os avanços tecnológicos e as atitudes sociais.
Embora se tenham tornado uma fonte significativa de receitas e aumentado o envolvimento dos adeptos, existem também preocupações éticas e potenciais riscos que têm de ser abordados.
Ao enfrentar cuidadosamente estes desafios, a indústria do desporto pode continuar a utilizar as apostas desportivas como fonte de receitas, assegurando simultaneamente a sua sustentabilidade a longo prazo e mantendo a integridade dos jogos.
(Artigo ‘Negócios’)
