Fernando Figueiredo

Teve lugar este fim de semana a VI Convenção da Iniciativa Liberal, num momento que em tudo é revelador do crescimento e dinâmica deste partido tão jovem. Na organização inovadora, no número presencial e on-line de participantes, na quantidade e qualidade das moções, no nível elevado das intervenções, nas dinâmicas de discussão interna e até mesmo na alegria e vivacidade com que decorreu é um inquestionável modelo para o panorama cinzentão e bafiento da política tradicional portuguesa.

João Cotrim de Figueiredo e a nova Comissão Executiva que o acompanham estão mandatados e motivados por este cenário para continuarem a primar pela diferença e a liderarem um projecto liberal para Portugal. Tendo conseguido em curto prazo, colocar o liberalismo na agenda política nacional, foi esse mérito que esta Convenção sufragou e instou a continuar enquanto espaço político ambicioso que a Iniciativa Liberal irá apresentar aos portugueses, nas próximas legislativas, com uma proposta política diferenciada.

Se por um lado temos a esquerda, que nos desgoverna, com curtos períodos de pausa, nas últimas décadas, incapaz de se entender e apresentar uma proposta que não seja uma manta de retalhos estatizante aos portugueses, por outro lado, temos a direita democrática dividida e a direita reacionária mais messiânica e em roda livre como nunca.

Foi um momento de elevada discussão mas no contexto político nacional, é obrigação da Iniciativa Liberal, oferecer a todos os portugueses uma alternativa real em quem vota e no espaço político liberal o que realmente conta não são as palavras, são os atos, o que conta não é apenas o contributo de ideias liberais que possamos acrescentar para o nosso concelho ou para o País, o que conta é a capacidade de sermos capazes de concretizar essas ideias.

Onde alguns, poucos, leram divisionismos ou ódio o partido respondeu com união, com amor até, como foi notado no apoio emocionado ao membro cubano Alberto Perez. Onde esperavam critica interna sem fundamento assistiu-se a uma vontade de fazer crescer a onda azul de Monção a Lagos, do Funchal a Porto Santo, de Viseu até Macau, sem esquecer Timor ou qualquer outro ponto do globo, ainda que muito remoto, onde um português, livre de amarras, tenta construir a sua vida.

Onde outros, menos ainda, esperavam conseguir protagonismo pessoal ou vaidade ideológica, o que se revelou foi a vontade de um colectivo de encontrar soluções concretas para as nossas comunidades e para as pessoas.  Só assim a Iniciativa Liberal poderá ser reconhecida enquanto força verdadeiramente reformista na sociedade portuguesa.

No Twitter, nas redes sociais, no espaço mediático promovido por Lisboa, o partido está no bom caminho!  Mas em Casais de Folgosinho há uma família com as mesmas carências de há 20 anos, em São Pedro de France há jovens que esperam por um novo futuro, um futuro que o socialismo não lhe irá apresentar… e se em Lisboa ninguém ignora o excecional trabalho do João Cotrim Figueiredo e da sua equipa no Parlamento, aqui neste Portugal distante que vive fora da agenda mediática, ainda, são poucos os que ouviram falar ou conhecem as ideias da Iniciativa Liberal, são ainda menos os que sabem o que é o Liberalismo.

Assim, defendo que a IL tem de apresentar uma nova receita para o interior, uma receita que não seja cozinhada no litoral apenas! Na última campanha autárquica, por Viseu, ensaiou-se essa receita, mostrando como a liberdade económica, social e política podem ser o alimento destes territórios esquecidos.

Não tarda, teremos um país onde quási 90% da população vive num terço do território. O envelhecimento acentuado dos habitantes do interior, o abandono de infraestruturas públicas, o quase nulo dinamismo empresarial, a vulnerabilidade dos solos e florestas, a desertificação de extensas zonas rurais, a reduzida produção agrícola são entre outras as muitas consequências desta assimetria de Portugal.

É uma agenda reformista, virada para o interior, que temos de oferecer a Portugal. Se nada de diferente for feito, nos próximos anos, o interior definhará e o País ficará definitivamente desequilibrado. Teremos um litoral capaz de acompanhar de perto os nossos parceiros europeus, e um interior a lutar pela sua sobrevivência, isto não é liberalismo!

A coesão nacional não pode ser um mero chavão politico-eleitoral. Precisamos de um território mais equilibrado, capaz de criar mais riqueza e mais sustentabilidade. Apenas um modelo mais liberal de desenvolvimento económico e social poderá inverter esta tendência, criando melhores oportunidades para as pessoas e empresas se fixarem e investirem.

Só uma visão mais liberal e reformista poderá conduzir a um equilíbrio mais positivo que consiga atrair mais investimento produtivo, mais empresas e o consequente aumento significativo de rendimentos, postos de trabalho e população.

Precisamos, pois, que nesta campanha, a Iniciativa Liberal, seja a voz capaz de afirmar uma verdadeira agenda para o interior. Temos de ser capazes de apresentar aos portugueses, um programa de intervenção que realmente promova uma atuação conjunta e integrada, em que estado, setor privado, setor cooperativo, e os diversos agentes que operam ou queiram operar no interior, sejam capazes de não só, reforçar os recursos alocados ao interior, mas também fazer uma melhor gestão, uma gestão capaz de promover um desenvolvimento real nos mais diversos campos da intervenção humana.

Permitam um exemplo concreto, das desigualdades atrás apontadas e diariamente vividas neste território que é também Portugal.

Dois jovens formam-se no mesmo curso de engenharia, imaginem que no final do curso, os dois jovens têm exatamente as mesmas competências e conhecimentos, e que no seu estágio foram selecionados pela mesma empresa, no entanto um destes jovens foi selecionado para cumprir o estágio em Viseu e outro em Lisboa, em termos médios, o que se passa é que o que ficou em Viseu receberá como salário 750€ e o que vai cumprir o seu estágio em Lisboa irá auferir 1250€. É isto que a Iniciativa Liberal tem que nos ajudar a combater.

Neste sentido, a Iniciativa Liberal terá de defender para o interior, entre outras medidas, reformas concretas como benefícios fiscais para quem cá investe e mora, uma aposta clara na capacitação de setores estruturantes como a agricultura, a indústria, o turismo, bem como, uma diferenciação positiva no acesso a comunicações e vias de comunicação. Temos que atacar pela raiz o problema do desenvolvimento assimétrico, para podemos ambicionar a ser um país mais equilibrado, mais sustentável e com maior qualidade de vida, em suma, um País mais Europeu e mais liberal.

Nós, os liberais do interior, portugueses e europeus de pleno direito, queremos eliminar os vícios, que levam a que Portugal funcione a duas, ou por vezes três, velocidades.

Não se iludam nem se enganem, apenas a Iniciativa Liberal poderá levar a cabo este desígnio. Os restantes partidos já se revelaram incapazes de o fazer, foram eles que criaram e mantêm, muitas vezes de forma artificial através dos impostos pagos por todos os portugueses, esta diferença!

Dia 30 de Janeiro 2022 é o dia. É para ele que estamos preparados!

Deste interior onde apesar de tudo dá gosto viver, desejo-vos um Natal Especial e um Ano de 2022 Liberal.

                                                               Artigo de Fernando Figueiredo, membro IL