Foto: Jorge Fraga / facebook

O encenador e professor de teatro Jorge Fraga morreu na noite de domingo para segunda-feira no Algarve, aos 71 anos, vítima de problemas cardíacos, e deixou as artes mais pobres em Viseu.

Jorge Manuel Fraga de Mendonça nasceu em Riachos, Torres Novas, em 24 de abril de 1953, e frequentou a Escola Superior de Teatro do Conservatório Nacional, em Lisboa, mas foi em Viseu que deixou a sua marca, tendo sido um dos fundadores da companhia A Centelha e da Companhia de Teatro de Viseu, e professor na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico.

“Em Viseu, Jorge Fraga e os seus companheiros de aventura enfrentaram e afrontaram um conservadorismo caduco, sendo rotulados com os nomes de fármacos políticos que eram proibidos na dieta dos saudosistas. Foi o primeiro grupo profissional do distrito de Viseu. Uma pedrada no charco pela ousadia do teatro que apresentavam, quebrando modelos tradicionalistas e revolucionando esteticamente pela postura perante os poderes instituídos”, recorda uma biografia publicada em Associação Cultural e Recreativa de Tondela (ACERT), da qual Fraga foi “militante afetivo”.

Nas reações à morte de Jorge Fraga, o Teatro Viriato escreveu na sua página do Instagram ser “inegável o poder criativo e artístico transformador com que o encenador Fraga chegou a Viseu, quando o panorama cultural da cidade era ainda bastante desfavorável e insípido”..

Também a ministra da Cultura, a viseense Dalila Rodrigues, lamentou a morte de Jorge Fraga, lembrando a “ação pioneira” do encenador em projetos de descentralização territorial, como a criação de A Centelha.

“Versátil, exigente e irreverente, trabalhou, ao longo dos anos, a relação entre o ensino artístico, enquanto docente da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viseu, e as diversas comunidades, com especial destaque para a Academia”, escreveu, lamentando a morte do encenador e expressando condolências aos seus familiares, amigos e admiradores.

Em nota de imprensa, também os vereadores do PS no executivo de Viseu, manifestaram o seu pesar pelo desaparecimento de uma figura que deixou “um contributo inestimável nas artes e na cultura” viseenses.

“Romaria dos agravados”, estreado em 20 de junho nos claustros do Museu Grão Vasco, em Viseu, e “Martírio e Paixão”, em cena de 02 e 11 de agosto na Feira Medieval de Santa Maria da Feira, que Jorge Fraga encenara a convite da organização, foram os últimos trabalhos que realizou.

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