Os antigos mineiros da Urgeiriça, em Canas de Senhorim, vão esta quarta-feira até ao Tribunal de Nelas, para formalizarem uma queixa-crime contra o Estado português e a Empresa do Desenvolvimento Mineiro. Em causa, “o atraso no processo de descontaminação das habitações onde vivem, construídos com materiais retirados das antigas minas de urânio”, frisa a associação.
O processo entra em tribunal no mesmo dia em que a União Europeia vai formalizar um processo contra Portugal no Tribunal de Justiça europeu por falta de cumprimento de uma diretiva comunitária relacionada com o gás radão.
António Minhoto, porta voz da Associação dos Ex-Trabalhadores das Minas de Urânio (ATMU), considera que processo contra o Estado português reforça a razão das queixas dos ex-mineiros da Urgeiriça, e justifica a queixa-crime no Tribunal de Nelas pelo que diz ser o “desespero” das pessoas que “continuam a viver em casas contaminadas”.
Lembra que, “14 anos depois do início da descontaminação, ainda temos pessoas a viver em casas contaminadas”, e aponta o dedo ao Estado português pela inércia neste processo e diz que as obras de descontaminação da antiga zona uranífera da Urgeiriça “estão paradas”.
A ATMU não rejeita intensificar as manifestações e pondera uma “concentração de protesto e indignação” junto ao Palácio de Belém, em Lisboa, para pedir a intervenção do Presidente da República no processo de descontaminação das casas da Urgeiriça.
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