As restrições impostas pela pandemia em relação aos contactos, a desinfeção de superfícies, o uso de máscara, o encerramento de escolas e jardins de infância entre outras medidas instituídas, fez com que mudasse a nossa realidade no inverno passado, com redução drástica nos quadros de infeção respiratória e gripe, em todas as faixas etárias. De facto, foi uma época gripal completamente atípica.

Dra. Maria Alfaro

Nunca os serviços de urgência hospitalar públicos estiveram “tão calmos”, com uma redução da afluência de cerca de 35% nos adultos e de 57-70% na Pediatria, segundo mostra o estudo desenvolvido em Portugal pelo grupo IASIST.

Existem muitos vírus e bactérias responsáveis pelas gripes e as infeções respiratórias, tendo todos em comum a sua forma de transmissão na comunidade, através de gotículas carregadas de vírus nas pessoas infetadas, exaladas na respiração, ao tossir, espirrar ou a falar.

De facto, as medidas implementadas dirigidas à prevenção da COVID-19, nomeadamente a higienização das mãos e o uso correto da máscara, contribuíram deforma indireta na prevenção da gripe e de outras infeções respiratórias típicas do inverno, nomeadamente rinofaringites, amigdalites, otites, laringites, bronquiolites, pneumonias e até episódios de exacerbação nos doentes asmáticos.

Desde o dia 13 de setembro que o uso da máscara no exterior deixa de ser de uso obrigatório em Portugal e passa a ser facultativa, depois de 318 dias desde a aprovação da lei.

O nosso sistema imunológico e sobretudo na infância, precisa de “exposição”, contactar com agentes patógenos do ambiente para fabricar anticorpos e se tornar eficaz no combate às infeções, o que chamo o “treino imunitário”. Um efeito colateral do distanciamento e do uso da máscara ao longo destes meses, foi a diminuição deste contacto.

Atualmente, com o relaxamento nas medidas de restrição, junto com o regresso às escolas e a proximidade do inverno, faz com que nos perguntemos como vão ser estes próximos meses em termos de infeção e de que maneira reforçar o nosso sistema imunitário, para nos proteger das infeções respiratórias próprias desta estação, além da COVID-19.

Para manter o nosso sistema imunitário forte e saudável, seria importante seguir uma série de medidas, nomeadamente:

• Manter uma dieta saudável rica em frutas, legumes e cereais integrais. Privilegiar os alimentos de época, ricos em vitaminas e minerais A, B, C, D e E, ferro, zinco e selénio como a abóbora, brócolos, cogumelo shitake, figos, romã, diospiros, uvas, citrinos, castanhas, amêndoas. Os alimentos fermentados como o kefir, tempeh, chucrute e o iogurte melhoram a saúde do nosso intestino e ajudam a reforçar o nosso sistema imune, com efeito anti inflamatório;
• Dormir bem tem uma influência positiva no nosso bem-estar físico e psicológico;
• Manter uma atividade física regular traz imensos benefícios a nível de saúde física e mental, pela libertação das chamadas “hormonas da felicidade” (Dopamina, Serotonina e Endorfinas);
• Os medicamentos homeopáticos vêm sendo utilizados durante anos com muito sucesso na prevenção e no tratamento das doenças do inverno, entre elas a gripe.

Existem medicamentos que são prescritos desde o início do outono e durante todo o inverno em modo de prevenção, estimulando a nossa imunidade inespecífica, como o Anas barbariae ou o Influenzinum, administrados na forma de uma dose por semana. Há outros que serão prescritos consoante o quadro infecioso e os sintomas que o doente apresenta. Podem ser usados em qualquer idade, sem praticamente efeitos adversos, são seguros e compatíveis com
outros medicamentos, inclusive com a vacina da gripe.

No meio de tantas incertezas é normal, por vezes, ficarmos ansiosos e com algum receio em relação ao futuro. Será muito importante nos próximos tempos mantermos a calma, modificar o nosso diálogo interno, para não estar sempre preocupados, sobretudo por situações que não podemos controlar e por algumas que receamos e que até podem não acontecer.

Viver o presente e cada dia com aceitação, de forma plena e consciente.

Artigo de opinião assinado por
Dra. Maria Alfaro, Médica Pediatra

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