O Dia Mundial da Diabetes celebra-se a 14 de novembro e, neste dia, a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) integrará o alerta da Federação Internacional da Diabetes (IDF) sobre a necessidade de melhorar o acesso aos cuidados de saúde às pessoas que vivem com diabetes.

No ano em que se assinala o centenário da descoberta da insulina e, em linha com o plano da Organização Mundial de Saúde (OMS), a APDP enfatiza também a importância de um investimento a nível nacional, cujo objetivo seja o combate à diabetes, uma condição que assume, mundialmente, uma dimensão sem precedentes. Segundo dados da IDF, atualmente, são cerca de 537 milhões os adultos que vivem com diabetes em todo o mundo, um número que espelha um aumento de 16% face às estimativas efetuadas em 2019. É expectável que até 2030, este número aumente para 643 milhões e que, em 2045, seja de 783 milhões.

Apesar de em Portugal a insulina ser comparticipada a 100% desde a década de 80 do século XX e outros tratamentos serem comparticipados a quase 100%, há ainda algumas lacunas que foram acentuadas pela pandemia da covid-19, uma altura em que muitas pessoas com diabetes deixaram de ter o acompanhamento necessário por parte dos cuidados de saúde. Durante o último ano estiveram suspensas as atividades de rastreio ao pé diabético e à retinopatia e houve atrasos significativos na resposta de reabilitação e cuidados continuados, bem como no apoio à educação e autogestão da doença. Estes aspetos, bem como os associados à gestão do peso, da glicemia e do stress associado à diabetes, podem e devem ser agora corrigidos e melhorados.

“Para além do combate às causas sociais da diabetes como a urbanização sedentarismo e as condições económicas, e a todos os outros fatores associados ao excesso de peso e à obesidade, é também importante garantir um diagnóstico e tratamento precoces.. Os rastreios e as consultas são essenciais para aumentar a capacidade de diagnóstico da diabetes (cerca de 30 a 40% dos casos por diagnosticar). Para além disso, o acesso a programas educativos e apoio psicológico, é imprescindível para o combate a esta doença”, explica José Manuel Boavida, presidente da APDP.

“A proximidade deverá ser sempre um aspeto a privilegiar quando se trata de doenças crónicas, pelo que investir na relação humana entre profissional de saúde e pessoa com doença é fundamental. As autarquias e os cuidados de saúde, funcionando em articulação, são a solução para melhorar os resultados no combate a esta pandemia”, acrescenta o presidente da Associação.

João Filipe Raposo, diretor clínico da APDP, reforça que “Uma estratégia de organização dos cuidados de saúde baseada na integração dos serviços na ótica da resposta às necessidades das pessoas com diabetes, é um passo fundamental para alterarmos o panorama da diabetes em Portugal. A visão dos cuidados centrados na pessoa passa obrigatoriamente pela implementação de um novo modelo de cuidados adaptado à diabetes e às outras doenças crónicas, incluindo a articulação com outras estruturas da comunidade, nomeadamente as associações de doentes.”

Por ocasião do Dia Mundial da Diabetes, a APDP lembra ainda que nos últimos 20 anos, a prevalência da diabetes aumentou quase 3 vezes e, em média, são registados cerca de 60 mil novos casos de diabetes por ano em Portugal. O envelhecimento populacional refletiu-se num crescimento de 16,3% da prevalência de Diabetes, nos últimos 10 anos, havendo hoje mais de um milhão de pessoas com diabetes no nosso país.

Para assinalar esta efeméride a APDP participa na Cerimónia Comemorativa dos 100 anos da descoberta da insulina promovida pela Sociedade Portuguesa de Diabetologia, dia 11 de novembro, na Reitoria da Universidade Nova de Lisboa, entre as 10h00 e as 12h00.

Promoverá ainda uma Conferência em conjunto com o Departamento dos Direitos Humanos e Sociais da Câmara Municipal de Lisboa, no dia 17 de novembro, às 18 horas, na Sala do Arquivo dos Paços do Concelho de Lisboa.

(Comunicado APDP)

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